Atribulados, mas não angustiados

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados

Esse é o primeiro limite que Deus coloca ao sofrimento do justo: a angústia. Em tudo ele pode ser atribulado; pode até sentir angústia por um momento, mas não pode viver angustiado.
O ser humano não tem estrutura física, emocional, nem psicológica  para viver angustiado. Pode fica angustiado, mas não viver assim o tempo todo.


O que é angústia? É um estado de intensa agonia e sofrimento que pode levar uma pessoa à depressão, a desenvolver doenças cardíacas e psicoemocionais graves, porque, se ela permanecer muito tempo nesse estado, seu defesa imunológica ficará baixa, ela ficará desanimada e sem forças para encarar os desafios do seu dia-a-dia.


No texto original grego, o termo usado para designar atribulado é thlibo, que significa ser espremido, prensado, comprimido (como uma uva no lagar), e para angustiado é stenochoreo, que significa estar em lugar estreito, confinado, imobilizado;. ser dolorosamente estreitado em espírito; estar em extrema aflição.


Visto por esse prisma, a angústia seria a consequência natural da tribulação. Contudo, o que Paulo diz é que Deus age sobrenaturalmente mantendo o justo num lugar mais confortável e menos opressivo durante o período de tribulação.


A afirmativa de Paulo está em perfeita sintonia com o que Davi disse no salmo 4.1a: Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me deste largueza.
Em outras palavras, é como se o salmista dissesse: "A tribulação comprimiu, confinou a minha alma num lugar estreito, opressivo, mas Deus alargou os limites desse lugar. Já não me sinto tão oprimido. O problema anda existe, mas já não me pressiona tanto. Agora tenho paz e equilíbrio para enfrentá-lo e resolvê-lo com a ajuda de Deus".


Davi e Paulo haviam sofrido com lutas e perseguições tremendas, mas, em meio a essas tribulações, haviam experimentado o socorro e o alívio providenciados por Deus. Por isso, podiam falar com autoridade sobre os limites do sofrimento do justo.


O apóstolo Paulo, por exemplo, quando escreveu 2 Coríntios, já havia passado por terríveis aflições. No capítulo 11, ao defender seu apostolado, ele fez um resumo de seus sofrimentos:


São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. 2 Coríntios 11:23-27.


Todos esses revezes enfrentados e vencidos por Paulo por causa do evangelho de Cristo habilitaram-no a escrever com autoridade sobre o sofrimento, deixando para nós importantes lições sobre como posicionar-nos em meio às crises e sobre o que esperar de Deus durante a tribulação.


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