Legalismo na Igreja Evangélica


Texto do Moisés Almeida no moisesalmeida.blogspot.com.br


Legalismo é todo o sistema, regras, expectativas ou regulamentos que condiciona a salvação ao esforço humano de agradar a Deus, como uma recompensa por desempenho. O Legalismo é o meio humano de tentar através da obediência de regras de homens, ser aceito e amado por Deus, anulando a Graça misericordiosa.


A salvação é pela graça, somos obedientes porque somos salvos, e não para sermos salvos. A maioria interpreta que Jesus nos salvou, de modo geral na cruz, mas não individual, e assim a salvação individual se dá através da justiça própria, das boas obras ou de conduta moral. De modo que eu é me salvo (glória a mim! louvado seja eu!), pois Jesus só abriu a possibilidade da salvação na cruz, mas eu é que decido se vou ou não pro céu, de acordo com minhas obras. O que contraria a Palavra, que diz que é pela GRAÇA (favor imerecido), que somos salvos e ISSO NÃO VEM DE NóS MAS É DOM DE DEUS! O que quer que eu faça, trabalhe, coma, viva, ande, cante, louve, durma, é só consequência dessa graça e não a causa dela.

E aí vem a pergunta, então posso fazer tudo o que quizer e ainda sou salvo? Não! Porque a certeza da salvação nunca nos chama para a libertinagem e sim para liberdade, e essa liberdade não permite que eu me contamine, pois entendo que ‘’todas as coisas me são lícitas... mas... nem todas convém. Ou seja, a partir do momento que tenho a mente de Cristo, sei que posso e o que não posso, pois sou de Cristo. Quem deseja usar a GRAÇA para libertinagem é porque não discerniu a loucura da cruz.

As igrejas geralmente criam pecados que não existem. Logo ela, que deveria combater o pecado, acaba criando mais pecados ainda! E em defesa disso se diz que embora nem tudo que a igreja proíba seja pecado, se torna por causa do “voto de obediência”, logo você peca não pelo ato praticado em si, mas por ter desobedecido a igreja que instiuiu aquilo como pecado! É a justificativa juridico-bíblica para que a instituição religiosa possa ter o poder de criar pecados. Ou seja, além dos pecados reais, escriturísticos, temos que tomar cuidado com os pecados instituídos da religião.

Geralmente os obreiros são muito preocupados com a ‘doutrina’, mas entendem doutrina, por usos e costumes. A doutrina gera bons costumes, mas os bons costumes não são doutrina. Geralmente toda a preocupação religiosa é Moral. E o que é a Moral? Muita gente associa moral com sisudez, seriedade, mas Moral é a ética da maioria! É o que uma maioria dominante institui como regra. Posto que o que numa sociedade é moral torna-se imoral em outra, e se um indivíduo quebra essa linha moral está pecando contra a maioria que instituiu a norma. Acontece que a moral não é eterna, ela muda. Os padrões da sociedade vão mudando, à tempos atrás um rapaz não poderia falar com uma moça de família sem a presença de uma terceira pessoa, era imoral. Hoje ele até sai com a namorada para onde quiser, é normal. Ou seja ninguém julgaria hoje que um rapaz fosse imoral apenas porque saiu com a namorada, mas no passado, ele deveria casar com a moça imediatamente, pois os ditames morais tinham-se corrompido.

Deus não nos julga moralmente, mas pela sua palavra. De modo que algo pode ser imoral (algo que é convencionado pela maioria) e não ser pecado! Veja que contradição maravilhosa. Exemplo, Paulo proibiu a mulheres de Corinto de falar na Igreja, era imoral, posto que era algo imposto pela cultura e costumes do local. Falar na igreja não era pecado, mas era errado, posto que a cultura assim impunha. Hoje porque não seguimos a determinação de Paulo? É que a sociedade em que vivemos tem outros valores morais. Isso não é relativismo da Palavra de Deus, antes é o saber discernir o que é parte do evangelho como doutrina, e o que diz respeito apenas a algum momento particular da história e ambiente onde aquilo ocorreu.

O amor dos ‘evangélicos’ é quase sempre moral. Ou seja, vale enquanto você cumpre a cartilha de casa. Mas uma vez que você comete algo que atente contra a ‘moral’, o amor acaba. Você é escurraçado, humilhado, desligado, vira crente de segunda categoria na igreja, e muita gente que estava aos seu lado quando tudo estava bem, são os primeiros a pular fora do barco. O amor não pode ser um amor moral, e sim um amor que consegue amar a todo tempo. 

Há de se pensar que poderia eu falar disso como defesa própria, não! Nunca pequei ‘moralmente’, e as pessoas em geral, mesmo as que não gostam de mim, me tem em boa conta, acham que sou articulado, que me comunico bem, que prego e sou entendido, mas não me engano, serão os primeiros a me apedrejar se eu tropeçar n’alguma pedra do caminho. Por isso não dou a mínima pra elogios de ninguém, quero apenas ser esse ‘servo inútil’ do Senhor, em cuja vida, toda honra pertence ao seu senhor.

Mas, o que é pecado é pecado. Ponto final. Mas o que é pecado da religião, da denominação, é pecado hoje e daqui à cinco anos não é mais. Exemplos temos de sobra, ou quem não lembra de pessoas afastadas da igreja ou disciplinadas, por usar umbreiras, paletó lascado atrás, cabelo pra trás, uso de rádio (é já foi pecado), sandália havaina (vaidade), televisão (caixinha do capeta), etc... a lista está longe de acabar, mas coisas que com o passar do tempo, perdem seu valor, já foram tema de infindáveis cultos de doutrina, de gente que defendia o não uso dessas coisas como quem defende o próprio Deus, e hoje tudo isso é permitido ou no mínimo, tolerado, sem problemas. O que dizer de certos rítmos que são executados nas igrejas hoje e que eram impensáveis e proibidos à dez anos atrás! E gente que largou o cajado ontem, está cantando e comprando o CD hoje! 

E aí faço três perguntas:
1- Isso SEMPRE foi pecado e nós é que nos mundanizamos?
2- Isso NUNCA foi pecado, nós sabíamos disso mas proibimos por precaução?
3- Isso NUNCA foi pecado nós é que por ignorância proibimos?

Para quem responde 1, acredita que deveríamos voltar ao mundo judaizante, das proibições infantis. Para quem acha que é o 2, tenta justificar os erros do passado, mas porque na época não se abriu o jogo? Para quem responde o 3, pensa igual ao autor desse opúsculo. 

O problema é que ninguém pede perdão pelo passado. Quanta gente boa foi jogada na lama e hoje está no mundo, por causa de doutrinas de homens, “como não toques, não proves e não manuseies, coisas que perecem pelo uso, que tem aparência de piedade, e de culto voluntário, mas não tem poder algum sobre os pecados da carne”, utilizando a expressão de Paulo em Colossenses. E ainda tem gente que diz: ‘ há, se foram embora é porque nunca foram daqui’, e eu pergunto: Jesus diria uma coisa dessa? Não é ele que ensina deixar as 99 ovelhas no aprisco e buscar a única perdida? Ele poderia dizer: “bem aquela ovelha se desgarrou porque não pertencia a esse aprisco, deixem-na pra lá”, mas o que ele faz? Vai buscá-la.

Agora voltando à questão inicial.
Agora sabe o que é pecado? Pecado de verdade, pecado bíblico, e que não passa nunca, e que se Jesus não voltar daqui a 1000 anos, continua sendo pecado, posto que o pecado é atemporal? Leia o livro de Gálatas. Prostituição (sexual, doutrinária), Impureza (de mente, de atitude), Lascívia (sensualidade), Idolatria (de ídolos, de cantores, do dinheiro, de si mesmo), Inimizade (com os irmãos de carne e de fé, com pais, com filhos), Porfia (contenda, em casa, no trabalho, na igreja), Ira (indignação com desejo de vingança, principalmente se pisarem no meu pé), Pelejas (Brigas por poder, seja ele político, religioso, por causa de cargos), Dissensões (não se chega a um acordo comum, discorda pessimistamente de tudo, em casa, na igreja em qualquer lugar), Emulações (quere exceder os outros, superioridade), heresias (introdução e defesas de doutrinas erradas, inclusive a inclusão de preceitos de homens vendidos como doutrina de Deus.) 

Agora responda com sinceridade, o quanto disso tem em sua vida, e em sua igreja? Enquanto você se preocupa em cumprir a cartilha de normas temporais de sua igreja, a Palavra está denunciando o pecado que ‘tão perto nos rodeia”.

Portanto, ser legalista é esquecer-se do que realmente importa, e se pegar a coisas infantis e imaturas, e com isso achar que está cumprindo a ‘vontade de Deus’.
O legalismo é um dos maiores inimigos do autêntico Cristianismo.
-Você está convencido de que Deus está bravo com você e a única maneira que você pode o fazer feliz é sendo uma pessoa melhor?
- Você está convencido que sua obediência e desempenho têm algum mérito em seu salvação? Está você cansado de tentar mais duramente porque parece que se esforçar nunca é o bastante?

Saiba se você é Legalista:
Você pôde ser um legalista se....
1) Você sente que tem que suprir todas as expectativas e ganhar a aprovação de seus amigos e familiares e irmãos da igreja?
2) O amor de Deus depende de você, do seu esforço em agradá-lo?
3) Você pensa que todos seus problemas são causados por seus pecados?
4) Você pensa que tropeçou porque você não teve bastante fé, porque sua fé não é forte o bastante, porque você não orou bastante, ou porque você necessita ser uma pessoa melhor?
5) Você está convencido que Deus está predisposto a estar irritado com você, e que seu objetivo principal na vida é tentar manter Deus feliz fazendo as coisas que o impressionará. Aliás o Deus do legalista é rápido para castigar, está sempre atendo com “olhos como chama de fogo”, mas pra abençoar ele é lento, quase parando, uma demência divina.
6) Sua vida espiritual é definida e determinada por um líder autoritário, com ações quase policiais da sua vida, uma igreja controladora, e é a esse que você procura agradar, pois por tabela agradando a ele está agradando a Deus.?
7) Você diz a suas crianças para não fazer algo na igreja ou em torno das famílias da igreja, algo que você permite em seu lar?
8) Você acredita que você é um membro da única igreja verdadeira e que todos os cristãos restantes são sinceros, mas sinceramente errados e iludidos?
9) Você pensa que o caráter de uma pessoa pode ser determinado por sua roupa, corte de cabelo, pircing ou tatuagem.? 
10) Você acha que liberdade de fazer as coisas que se gosta é sinônimo de libertinagem. E quanto mais rígida for a doutrina (entenda-se doutrina como os regulamentos da entidade), melhor para a alma, um tipo de ascetismo cristão?
11) Você dá valor ao feio, ao desajeitado, ao pobre, porque isso é sinônimo de santidade, logo se alguém tem um cabelo desgrenhado, mal tratado, não alinhado, é porque é mulher de Deus, ou se a mulher usa uma roupa tipicamente medieval, ela é santa, embora você não quisesse uma dessa pra ser sua esposa?
12) Você acha que todas as regras de sua instituição religiosa, são as únicas suficientes pra salvar o mundo?
13) Ao fazer algo “proibido” você procura se certificar que não tenha ninguém da igreja por perto a fim de não lhe dedurar, de modo que não importa que Deus veja, pois ele entende, mas importa é não ser flagrado pelo homem?
Então... Você é um Legalista.!!! 

Ainda é tempo pra se converter ao Evangelho da Graça. Que não gera libertinagem, mas uma consciência madura em Cristo.



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