Fim do Trilho


Da janela da minha sala tenho uma visão ampla e privilegiada. De um lado, prédios, avenidas movimentadas, muitos veículos e gente apressada, indo e voltando todos os dias. Do lado oposto está a linha férrea que corta a cidade. Todos os dias os trens passam bem pertinho de casa. Confesso que no começo o barulho estrondoso me incomodava um pouco, mas hoje já me acostumei e até gosto de observar a passagem das enormes composições. 

São muitos vagões. Às vezes fico imaginando se estão cheios ou não. O que estão levando? Pra onde estão indo?

Se a vida fosse um trilho e nós vagões, estaríamos cheios ou vazios? É fácil saber quando um vagão está vazio. Sem nada dentro, ele acaba fazendo muito mais barulho. Pessoas vazias, mesmo que não tenham nada a dizer, acabam falando mais do que deveriam.

Mas pior do que ser vazio é estar cheio do que não acrescenta nada. Inveja, mágoas, ressentimentos e até o ódio são cargas que pesam muito, e que além de atrasar a viagem, prejudicam o próprio vagão.  

O que estamos levando? Atualmente, a maioria dos vagões transporta dois tipos de cargas que são indispensáveis no nosso dia-a-dia: comida e combustível.  Será que estamos cheios daquilo que é capaz de saciar e motivar outras pessoas?  Você tem levado alegria, amor, paz e esperança?   

E para onde estamos indo? Ah, isso varia muito! Sozinho, o vagão não vai a lugar algum. Seja atrás ou na frente, é necessária uma força maior para movê-lo. E essa força muda de acordo com a carga que ele está levando. Então, para entender qual o destino final de um vagão, primeiro é preciso saber do que ele está cheio e qual tipo de locomotiva ele está ligado.

Texto do Juliano Matos (lagoinha.com)

@ElieLFerreira

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